quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

INTERPRETAÇÃ DO QUADRO: "INFINITO"


Quadro: Infinito

Impressionante. No alto uma referência à arte egípcia e seu sentido de eternidade. (Será que o perdemos?) Na contemporaneidade a tecnologia é dominada pelo poder do dinheiro. Uma televisão convidando a um consumismo exagerado e um individualismo cego. Do lado direito uma mulher imersa nas cores, por dentro e por fora. Linda metáfora plástica. Chegamos a um estado de entropia máxima? Parece-me que este é o nosso presente que apontará para o nosso futuro, futuro este com a manifestação do cinza sempiterno que nos permita uma relação ética e estética com a natureza e uma nova visão de mundo pela possibilidade de uma ressurreição? São muitas informações. Um burguês com uma camisa verde e amarela e o signo do infinito, apenas isso, um signo como uma logomarca esvaziada de todo sentido para ser vendida como um simulacro pós moderno? Ou a mulher em vestes vermelhas logo abaixo, o infinito do eterno feminino? Muitas personagens, cada qual dentro de si. No alto à esquerda um mulher de costa olhando para um outro espaço, e neste Cristo, talvez de costas, e a luz do Sol para iluminar o outro lado de nossas vaidades. Até aqui não falamos das cores. São vibrantes, e exatas, mas o que sabemos delas? Que são enigmáticas, como as considerava Gauguin e, baudelairmente, o prazer e o pecado. Lindo quadro. A composição básica é simples. Um eixo vertical bem central, e um horizontal mais acima criando uma cruz.

Uma estrofe de um poema de Louis Aragon me vem à memória:
Rien n'est jamais acquis à l'homme Ni sa force
Ni sa faiblesse ni son coeur Et quand il croit
Ouvrir ses bras son ombre est celle d'une croix
Et quand il croit serrer son bonheur il le broie
Sa vie est un étrange et douloureux divorce
Il n'y a pas d'amour heureux
ESTUDO FEITO PELO ARTISTA PLÁSTICO JOSÉ MARIA DIAS DA CRUZ

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