Incisividade. É dessa forma que Juliana nos conduz a uma imersão num estado de suspensão sensorial. Seu trabalho é pedra. Não língua. Partes, trechos, pedaços dispersos em cada obra não transformada em objeto de arte. Não combina com a cor do sofá da sala de visita. Liquidifica um descondicionamento visual a partir de nossos olhos, projetando em nossas mentes fragmentos multicoloridos.
Quem é a mulher amarela liberta pela artista? Imagino Euclides da Cunha noutro canto ignorado, esquecido e o silêncio do sorriso do moleque abafa o zumbido da bala perdida que corta a baía da Guanabara. Uma ação marginal paralela a modelos outros, legitimados.
Com Alberto Mussa, descobri que “meu destino é ser onça”. E Juliana é também onça que reconstitui com seu quebra-cabeça uma narrativa mitológica contemporânea. É brasileira glocalizada.
Noutra ocasião, passei a noite diante de uma de suas telas. Amanheci exausto, esvaecido. Estava vivo.
Paulo Brasil, Novembro de 2009.
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