segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"YO EN LA PLAYA DE SANTA MARIA DE LA LOMA"

Um comentário:

  1. As recentes obras


    Bati pela internet um papo breve com a Juliana Scorza. Fizeram um comentário
    abaixo de um desenho dela. Disse-me: é que fiquei encucada... Com um
    comentário no orkut. Num país pobre, movido a carro de boi, é preciso
    por o carro na frente
    dos bois. (Paulo Leminski - O bandido que sabia latim). O cara
    escreveu isso na foto. O que ele quis dizer??
    Será que foi uma agressão, pelo fato de Cuba ser um país pobre e eu
    estar na praia?

    Respondi depois por e-mail.

    Minha querida Juliana Scorza

    Vi como um elogio a citação feita por seu amigo com a frase do Leminsky
    abaixo de seu desenho. O importante é o carro. Nesse nosso pobre país,
    trocamos os pés pelas mãos mesmo. Ou melhor, as mãos pelos pés. E
    agora o código é meu. Vc é matisseana (os doutos do próprio umbigo
    diriam só isso e
    fechariam os olhos, não teriam coragem de por o carro na frante dos
    bois), mas eu continuo. Em um país pobre você pode ser mais importante
    que Matisse, menos conhecida e mais pobre também, mas precisamos de
    você assim mesmo, da sua coragem em ser, como o Leminsky, mais para
    marginal alegre do que
    douta frustrada, ou mesmo como o Hélio Oiticica e aqui refiro-me mais a uma atitude do que uma aproximação formal da obra

    Salve nosso porralouquismo poético e com você, plástico também. Ele é
    muito sério.




    Se seu amigo quis te agredir, para ficarmos com as brincadeiras do
    Leminsky com os ditos populares, diria que a culatra saiu pelo tiro,
    ou que se vendeu lebre por gato. Se deu mal, como os doutos.

    O tema pouco importa: você na praia. O que importa é o que está
    além disso. Por exemplo: você estar na praia, mas pensando. Vemos um
    quadro e o quadro, como ele é, também nos vê. Achei lindo esse seu
    desenho!!!

    Tenho um também, O Brasil em 15 minutos. Nele trancrevo uma frase de
    Lima Barreto; E Houve um em Niterói que teve seu quarto de hora de
    celebridade. Essa famosa frase foi dita aqui por um brasileiro, em
    1913, nos fascículos de O Triste Fim de Policarmo Quaresma, porém mais
    ou menos 50 anos depois foi repetida por Andy Warhol, e por este aí é
    que a reconhecemos e damos importância. O Lima Barreto foi e continua
    marginalizado e "pobre". (Veja: trocamos os pés pelas mãos.).

    Juliana, estou torcendo muito por você, e continue sempre íntegra.
    Pode incomodar muita gente. Mas dará muita alegria, a essa que está em
    seu interior, na sua personalidade, e a quem quer ver e compartilhar.

    Beijos do seu pobre
    José Maria Dias da Cruz

    Maio de 2009







    Li esse poema aí abaixo. Para um olho de um pintor é tão claro! Como pelas palavras criar um colorido com toda sua complexidade. Lindo mesmo. Sobretudo por ser enigmático. Para mim servirá muito bem para um desenho, assemblages de poesia e pintura. O azul guarda um mistério. Pode ser o cinza sempiterno? É uma dúvida que sempre permanecerá. Tem mais, basta evocar um corvo e pensamos em Poe, e a abertura aí é enorme. Lembrei-me de um comentário de um crítico de arte, João Evangelista, referindo-se a um quadro de Martinho de Haro: "Nem toda a verdade está aqui, mas tudo que está aqui é verdade."
    ______________________

    ResponderExcluir